Depois de escolher os looks para o desfile de Barbies da minha sobrinha, resolvi fazer vestibular para faculdade de moda. Então, no início de 2004 eu cursava Design de moda e Tecnologia na Feevale, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Logo no início, já comecei a fazer vestidos de festas pras amigas. Entre um pedido e outro, a coisa foi ficando séria e acabei montando um mini atelier na minha casa, no espaço onde um dia foi gabinete do pai, e depois atelier de arte da minha irmã. Esse trabalho segue até hoje, com o nome Carolina atelier de moda.
Desde então entrei naquele processo de querer cada vez mais me envolver com atividades da área, buscar estágios, experiências, assistir palestras, participar de concursos e tudo mais. Na própria universidade tive alguns ensaios profissionais que serviram para me dar certeza de que eu estava envolvida com o negócio certo. Além disso, quando fui monitora de costura, pude perceber que o fato de eu ser extremamente detalhista era uma qualidade se eu pensasse no acabamento das peças.
Em 2005 veio meu primeiro estágio. Foi em uma empresa que trabalhava somente com malharia retilínea. Nessa criei fichas técnicas, fiz contato com fornecedores, além de desenvolver modelagem para algumas peças em tecido plano. No mesmo ano fiz a produção de alguns desfiles em um evento de moda realizado no bairro Moinhos de Vento em Porto Alegre.
Com um pouco mais de aprendizado, em 2006 entrei como participante de um projeto da loja Lua para novos estilistas. Desenvolvi alguns vestidos de moda festa para o público alvo da marca. Logo depois, também passei a criar e a desenvolver uniformes para eventos empresariais. Tudo isso me encorajou profissional e emocionalmente. Então, nas férias de inverno, programei uma viagem sozinha pela Europa. Fui visitar uma grande amiga em Barcelona e alguns outros lugares mais!
Um semestre mais tarde, no mesmo ano, fiz um curso de extensão de desenho de moda. Esse eu amei... e daí me veio à memória a lembrança de que desde criança eu já devia curtir essa história de criação e não sabia. Lembrei da minha escolinha de artes, que fiz dos quatro aos doze anos. E lá, o que mais me fascinava eram os trabalhos manuais.
Em 2007, eu estava a um ano da formatura e chegou o momento dos estágios curriculares. Foi então que comecei a buscar os lugares por onde eu já tinha passado, buscar os contatos. Com isso, fiz oitenta horas na fabrica da marca Lua. Passei por todas as etapas de produção e desenvolvimento das peças, inclusive pela distribuição do estoque para as lojas. Concomitante a este trabalho, decidi fazer uma sociedade com uma colega de uma marca de bolsas e mochilas, a Las Chicas. Fazíamos tudo que era necessário para o andamento do negócio, desde a modelagem até toda a administração. Apenas terceirizávamos o fechamento das peças. Chegamos a fazer duas coleções , inverno e verão , que ficaram lindas! E assim seguiu-se nesse projeto...
No último ano da faculdade, em 2008, fui em busca do meu segundo estágio obrigatório. Nesse momento, minha vontade era de aprender mais sobre o lado business da moda, além de conhecer mais pessoas da área. Por coincidência, na mesma época, conheci em uma festa o estilista Regis Duarte. Conseqüentemente, meu ultimo estagio foi no atelier dele, o Barraco Multiespaco. Ali sim, abracei a parte administrativa enquanto ele ficava na criação. Adorei esse outro lado também. Lá tive oportunidade de acompanhar e participar de trabalhos muito legais, como por exemplo, a criação dos uniformes do museu Iberê Camargo, além de fazer a produção das fotos de uma de suas coleções. Paralelo a este último estágio, eu me preparava para o desfile final da minha coleção na faculdade, a qual vinha elaborando há seis meses e acabou sendo o momento mais significativo da minha história como aluna universitária.
Assim fecharam-se as oitenta horas de trabalho, finalizei o último estágio e pensava nos últimos detalhes do “meu” desfile. Isso era início de julho, terminadas então as férias, eu deveria iniciar a monografia para me despedir do ambiente acadêmico. Foi aí que a Las Chicas acabou. E nesse momento, me dediquei totalmente ao TCC. Bom, sobre a monografia gosto muito de falar. Foi titulada “O paradoxo das visões do sistema moda no Brasil”, e foi através desta fundamentação que pude demonstrar todo meu interesse pela subjetividade da moda, expondo duas visões existentes: a futilidade versus a importância desse sistema, suas possíveis causas e implicações. Posso dizer que esse trabalho foi um sucesso que me satisfez muito. Tive oportunidade de ler diversos autores, observar opiniões, além de buscar dados extremamente relevantes para meu conhecimento.
Final de 2008... enfim chegou a formatura! A leveza de ter terminado a faculdade começava a me contagiar e minha ansiedade pela vida profissional que se iniciaria começava a me “sufocar”. Desde então, oficialmente estilista, sigo, com cada vez mais carinho, vontade e dedicação a marca Carolina atelier de moda. Sempre prestando atenção nos detalhes para fazer diferença. Posso dizer que criar com sentimento será sempre meu objetivo e espero sempre colher meus frutos!